sábado, 31 de março de 2012




"Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana." Carl Jung

O Sítio do Pica Pau Amarelo

Um lugar diferente, mágico, encantador
Sabor de infância
Lindo, lindo, lindo
Monteiro Lobato, você é fofo**...



"Um Lugar Diferente"

fofo** : incrível, gênio, fantástico, um ídolo =)








sexta-feira, 30 de março de 2012

"Eu quero ir pra rua"

EU QUERO IR PRA RUA

"Eu vou à cidade hoje à tarde
Tomar um chá de realidade e aventura
Porque eu quero ir pra rua
Eu quero ir pra rua
Tomar a rua
Não mais
Não mais aquela paúra
De ser encarcerada pra ficar segura
Já cansei de me trancar
Vou me atirar
Já cansei de me prender
Quero aparecer
Aparecer, aparecer
Eu sou da cidade e a cidade é minha
Na contramão do surto de agorafobia
Agora eu quero ir pra rua
Porque eu quero, quero ir pra rua
Levar
A dura de cada dia
Sair da minha laia, chegar na sua
Eu vou à cidade sem compromisso
Tomar um chá, um chá de sumiço no olho da rua
Porque eu quero ir pra rua
Eu só quero ir pra rua
Olhar a rua
Tomar, bem que se podia, ar fresco
Topar Banksy a pintar afrescos
Já cansei de me trancar
Vou me atirar
Já cansei de me prender
Quero aparecer
Aparecer, aparecer, desaparecer ..."






                                             Eu quero ir pra rua/ Paula Toller

quinta-feira, 29 de março de 2012

"Eros uma vez..."

                                        Segue uma fábula de Millôr Fernandes

                                               Eros uma vez...


Um dia, Aphrodite, posteriormente fonetizada para Afrodite (e traduzida para Vênus), não agüentou mais. Chamou o filhinho, Eros, conhecido também como Cupido, e disse:

- Pombas, qualé? Que é que adianta ser Deusa e linda, se toda hora tenho que entrar em concurso pra ver se ainda sou a maior? Agora é essa tal de Psychê! Vai lá e dá uma flechada nela, meu filho.

Cupido ainda tentou sair pela tangente:
- Por que, mamãe? Chama o Papai, que é o Deus da guerra.

Mas a mãe, venérea como era, apenas mandou que ele xarape a boca e obedecesse.

Eros, assim que avistou Psychê, caquerou-lhe uma flecha nos cornos, mas era tão ruim de pontaria que a flecha acertou-o no próprio coração. Desesperado de amor auto-infligido, Eros mesmo assim esperou a noite ficar bem negra pra possuir Psychê sem ser visto pela mãe, pelo público e – pasmem! – até pela própria atriz convidada, que, contudo, diante da performance dele, exclamou, gratificada:

- Rapaz, sinceramente, nunca vi nada mais erótico!

Porém, as irmãs de Psychê, chamadas Curiosidade, Perfídia e Prospecção, começaram logo a envenenar as relações da irmã com aquele desconhecido, afirmando que devia se tratar pelo menos do Corcunda de Notre-Dame ou do Homem Elefante na versão original. Curiosidade dizia:
- Se ele não se assume, é porque tem medo das grandes claridades. Vai ver, ele é o Eros-Close.
Perfídia ajuntava:
- Uma noite, manda Celacanto em teu lugar. Evita maremoto.
E Prospecção concluía:
- Mata ele. Um pouquinho só. Se é Deus como diz, depois ressusita em forma de butique.

Psychê não resistiu às más influências, e uma noite entrou na câmara escura em que Cupido dormia, levando uma lamparina numa mão e uma adaga na outra: “Vou lhe fazer um teste sexual pré-olímpico e depois enfio esta adaga em seus boIEROS.” Porém, quando a luz bateu em Cupido, e Psychê viu aquele gatão, ficou tão excitada, que... Nesse momento, porém, uma gota de óleo da lamparina caiu no ouvido de Eros, que acordou assustado, saltou de lado e desapareceu para sempre.
Durante dez anos, Psychê procurou em vão o seu amor. Afinal, subiu ao Olimpo pela escadinha dos fundos e implorou a Aphrodite:
- Minha querida sogra, por favor, me dá de volta Cupido, que perdi por ser muito cúpida.
Ao que Aphrodite respondeu:
- Está bem, vou te dar três tarefas. Se cumprir as três, eu te devolvo meu filho. 1ª tarefa) Enfiar o dedo no nariz de outra pessoa com o mesmo prazer com que enfia no seu. 2ª) Transformar 85 torturadores da polícia em outros tantos perfeitos democratas. 3ª) Descer aos infernos e me trazer a caixa preta (também conhecida como Boceta) de Pandora.


Psychê desprezou as duas primeiras propostas, pegou o primeiro buraco de tatu pro inferno e trouxe consigo a tal coisa de Pandora. Mas, no caminho pro Olimpo, não resistiu e resolveu olhar o que tinha na caixa. Imediantamente, de dentro da caixa fugiram todos os males do mundo – a inveja, a preguiça, o colégio eleitoral e o jornalismo brasileiro -, e Psychê desmaiou. Eros se materializou no mesmo momento, mais apaixonado do que nunca, e, olhando na caixa, viu que nem tudo estava perdido. Bem no fundo, escondidinha, lá estava a esperança. Por isso ele se casou com Psychê e tiveram três filhas – Volúpia, Titila e Tara – e três filhos – Aconchego, Deleite e Orgasmo.
Moral: A Psychêatria não resiste à Cupidez

"Quem olha para fora, sonha; Quem olha para dentro, desperta.” Carl Jung




sexta-feira, 23 de março de 2012

"Talvez"

"Talvez nunca mais se cruzem. Talvez ela mude de emprego, alugue um apartamento novo de frente para um pracinha com uma única árvore, comece a acordar às cinco da manhã, passe o café enquanto procura um par de meias, venda o carro, comece a pegar duas lotações para chegar no novo emprego, ache até bonito o uniforme, quem sabe canse no fim do dia, chegue atrasada no ponto de ônibus, não tenha o dinheiro para o táxi. Ele deve ter escolhido ficar em São Paulo, ou no Rio de Janeiro ou em Brasília, não importa aonde ele tenha ficado, talvez ele queira ganhar muito dinheiro, comprar um flat de frente para o mar, viajar para Dubai no próximo feriado, comprar um carro novo, pedir para alguém fazer seu café, ter uma sala só para ele no andar mais alto do prédio, sapatos de couro, meias bem alinhadas, talvez ele preferisse ternos mais claros, um cartão com limite mais alto. Eles não souberam quando começaram ou terminaram, se por algum momento a mágica do “nós” chegou a acontecer, se podia ser amor ter vontade de dividir uma pizza. Talvez ela quisesse somente uma companhia, alguém para chamar de “amor”, um par de meias novas no Natal e passear na pracinha que tem apenas uma árvore. Ele quis um apartamento maior, a estabilidade que pode ser superficialmente alcançada, um salário mais proveitoso. Nunca disseram adeus, nem até mais, nem qualquer outra coisa que desse possibilidade de um fim ou de um próximo encontro; terminavam as conversas com beijos, quando mais frios com abraços. Talvez ele a ame. Talvez ela quisesse saber disso. Por causa da mudez das emoções que sentiam, eles não sabiam que destino davam a si. O bonito deles é a coisa mais simples em suas histórias: de alguma forma silenciosa e cheia de esperança, eles esperavam um pelo outro, embora nenhum pedido tenha sido feito."

(Cáh Morandi)

domingo, 18 de março de 2012

"Sem Você..."


 Chico Buarque... como não gostar? Sabe nos traduzir sem nos conhecer... Um segredo que, talvez, só os poetas possuem... o conhecimento de uma alma...





Sem Você 2/ Chico Buarque

Ave Maria


Ave Maria
Nos seus andores
Rogai por nós
Os pecadores
Abençoai destas terras morenas
Seus rios, seus campos e as noites serenas
Abençoai as cascatas
E as borboletas que enfeitam as matas
Ave Maria
Cremos em vós
Virgem Maria rogai por nós
Ouvi as preces, murmúrios e luz
Que aos céus ascendem e o vento conduz
Conduz a vósVirgem Maria
Rogai por nós.

Composição: Vicente Paiva/ Jaime Redondo